Uma estrada.
Não há placas, não há indicações, onde estou? não sei dizer. Não passa ninguém, estou ali apenas. árvores, plantas, pássaros, aquela estrada de barro batido, as curvas, bifurcações, e nada muda, tudo continua igual, caminho, caminho e caminho, algumas vezes corro para tentar cada vez ir mais longe.
Estou ali, uma pausa para recuperar o fôlego, eu quis correr da tempestade, toda vez que ela chega minhas cicatrizes berram, os sons são torturantes, não consigo aguentar, eu preciso correr, me distância da chuva, eu corri até perder todo o meu fôlego, eu caí, não sentia mais minhas pernas, meus pulmões doíam, nem todo o ar que pudesse puxar era o bastante, ele sugava rápido e jogava pra fora, o ar doía ao entrar, a chuva continuava caindo, desisti de correr, fiquei ali deitada regando minhas cicatrizes com as gotas da chuva, elas berravam que me deixavam surda, permaneci ali ate recuperar minhas pernas e meu pulmão, meu coração também bateu tão acelerado na corrida que parecia que ia explodi, tudo se acalmava, meus ouvidos começaram a não querer mais ouvir os berros das cicatrizes, me recuperei, levantei, e sorri, sorri como eu nunca tinha sorrido antes, minha alma sorria.
Eu parei de correr da chuva, parei de testar o limite das minhas pernas,do meu pulmão e a velocidade que meu coração podia atingir, a queda do meu corpo ali, no seu limite, fez com que eu parasse de correr da chuva.
Não valia a pena chegar no meu limite para tentar não ouvir os berros das cicatrizes, e quando me recuperei e levantei, eu realmente sorri, eu não precisava correr mais, eu podia caminhar sorrindo, eu podia abafar os berros que tentavam me atingir. Ao mesmo tempo que não queria sorrir queria ter que correr, pois não sentia mais dor, mais não sentia mais nada.
Estava na estrada sozinha, sozinha até de mim mesma, mais a felicidade estava absurda, podia sorrir para tudo. A dor é necessária para poder crescer, o caminho é longo, muitas vezes não se sabe mais voltar para onde esteve, o mais difícil é voltar depois que já pode estar longe.
Caminho lentamente, não tenho pressa de nada, olho os animais, sinto a chuva, o sol e a lua, sorrio ao mesmo tempo que choro, me sinto completa ao mesmo tempo que me sinto vazia, me sinto normal ao mesmo tempo que cada dia mais tenho certeza de perca de lucidez.
Cada dia mais louca, cada dia mais feliz, feliz por ser apenas eu, cada dia mais forte, cada dia mais corajosa.
Cada dia minha lucidez se perde, cada dia meu sorriso aumenta, sem sentido sem porque, afinal sempre segui fazendo nenhum sentido.
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